Como viajar no tempo: passado e futuro.

Em 1915 Einstein agracia o mundo com a teoria da relatividade geral. Nela, a gravidade perde o posto de força da natureza, e se torna uma propriedade talvez até mais majestosa: a curvatura geométrica do espaço-tempo.

As implicações dessa descoberta vão muito além de uma mudança no currículo do ensino de física, significam uma implosão da forma que a humanidade via o mundo. Agora o universo tem uma velocidade máxima permitida, a luz tem comportamento quântico, não só ondas, mas partícula também ao mesmo tempo. Ondas probabilísticas substituem nosso entendimento agora arcaico e primitivo de binariedade.

Considere o tempo. Mas obrigatoriamente considere também o espaço. Espaço e Tempo deixaram de ser dimensões separadas e foram combinadas em um Espaço-Tempo, erroneamente associado em analogia com um tecido para simplificação de entendimento. Uma visão mais adequada, se fugirmos do vício em simplificar a realidade para um plano, vemos um campo vetorial em uma região mais curvada, orientado conforme a massa e densidade do corpo.

Agora é impossível se dissociar de Onde. Quero que deixemos maturar essa ideai. Agora é impossível se dissociar de Onde.

Insistimos em nos identificarmos coletivamente enquanto sociedade, espécie, organização social, ou classe. Ainda que agir de forma individualista e egoísta represente grande parcela do que entra para a história. Apesar do que sugere a lógica, nos vemos na quarta revolução tecnológica mesmo em regiões onde as práticas cotidianas são típicas de pré-revolução industrial. Por quê?

Ter Coca-cola no mercantil mesmo na sua localidade, ou ter acesso a um dispositivo smartphone não significa que você compõe o conjunto dos países ricos. Mas isso é uma vantagem competitiva. Viver geograficamente no passado permite que tenhamos nas mãos uma máquina do tempo, uma janela constante para o futuro. O espaço e o tempo só são grandezas separadas quando assim os fazemos para simplificar nossas leituras do mundo real. O mundo real é, portanto, o próprio buraco de minhoca que se busca nos filmes das grandes telas.

Viajar para o futuro é se movimentar no espaço. Uma viagem a um grande centro, um país de trajetória de desenvolvimento acentuada, ou um foguete para marte, equivale em mesmo teor a uma viagem em direção a uma outra linha temporal, desenvolvida de forma independente mas intrinsecamente associada ao fluxo temporal que você observa diariamente ao abrir os olhos. Essa sincronia se dá através da conexão física do próprio espaço, permitindo um deslocamento simultâneo.

Existem, então, dois recortes essenciais a serem pontuados:

Ao viajar no espaço não apenas se viaja adiante no tempo, é possível experienciar um passado recente através da conexão com indivíduos vivendo em ciclos de desenvolvimento familiares às experiências vividas. Esse recurso usa a memória como catalizador de uma experiência semelhante durante a vigília.

E durante os sonhos, acordados ou não, nos deslocamos da ilusão do tempo, inertes no espaço, contando e recontando, criando e dispersando infinitas outras realidades vizinhas, colapsando o delírio coletivo de antes e depois no agora.

Viajar no tempo é o merecido prêmio de compreender nosso lugar.

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